Univer$idade S.A. e o modelo da UFSB

O modo 'vestibulando' de estar é muito peculiar. Geralmente, em meio há tantas preocupações, não costumamos atentar para as características e diferenças entre as instituições de ensino superior que podemos ingressar. Alimentamos preconceitos e vamos sendo inclinados a enxergar apenas o que está bem diante dos nossos olhos. No intuito de esclarecer dúvidas e atenuar essa problemática, o CC US trouxe algumas questões que podem influir diretamente na nossa carreira acadêmica.

O pontapé da discussão foi a necessidade do estudante de aprender a desaprender. Buscar se livrar das amarras invisíveis que são as noções pré concebidas das coisas. E a primeira delas seria a ideia equivocada de que 'universidade garante futuro', desconstruída pela seguinte reflexão:

''A ação presente acaba sendo orientada por uma aposta no futuro, travestida de certeza, mas que é altamente incerta.(...)” (RIBEIRO, Renato Janine, 2014, p. 52)


Conhecemos as diferenças entre faculdades, universidades e centros universitários.

Ainda nessa perspectiva, tratamos de alguns dados - surpreendentes - que revelaram o estado atual da educação superior brasileira, como o avanço do número de matrículas no período compreendido entre 2003 e 2012. O ingresso na rede privada passou de 2.802 para 5.160,3, enquanto na rede pública de 1.187,4 para 1.897,8. No censo de 2013, faculdades privadas eram 1.876 universidades públicas eram 111. Mesmo com todas essas diferenças, os números que mais chamam atenção são os dos estudantes que se matricularam e concluíram os estudos: 9991.010 egressos de instituições públicas, e 761.732 de rede privada.

Não há como deixar de destacar o incrível papel social que o ensino superior de qualidade executa em uma sociedade. Em circuito, essa formação impacta diretamente todos os setores que compõem um país. É nesse sentido que investir em educação superior parece estar sendo um negócio  estratégico e bem lucrativo.

Embora a faculdades privadas de massa supram de certa forma a escassez na oferta de vagas nas instituições públicas, dificilmente atingirão altos padrões de qualidade. O resultado dessas práticas já são notáveis: muitos alunos matriculados e poucos concluintes. Essa realidade costuma ser mascarada através da insistência das propagandas atrativas baseadas em rankings com parâmetros tendenciosos. Boaventura Souza Santos explica isso como a transformação da educação em uma atividade rentável para o capital. A gerência das instituições feita como se fossem um negócio qualquer. 

É justamente diante desse contexto assustador de exploração e evasão que a UFSB surge com a proposta da educação através de ciclos, com ideais de PLURIversidade invés de UNIversidade, tentando transformar a universidade em um espaço público múltiplo, promotor de mudanças sociais e que, dentro das suas possibilidades, realmente possa abraçar os estudantes, valorizando seus saberes e experiências e se remodelando de acordo com suas necessidades, sem prejuízo na qualidade de ensino, na certeza de que o aluno é muito mais do que um cliente.













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